25 de maio de 2013

Discórdia

a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve
Arnaldo Antunes

Não há nada que satisfaça
o passageiro que por ali passa:
nada que a passageira faça,
trespassa aquela carapaça.

Não há nada naquela praça
que aquela couraça desfaça:
nem o pão que assa,
nem a cachaça.

A passageira, sem graça,
recoloca sua mordaça.
E o passageiro, por pirraça,
abraça a sua carapaça.

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