29 de setembro de 2013

(Sobre)Viver

estou com a barba por fazer
tenho lido literatura latina e francesa
no meu casaco há uma piranha tua presa
durante a noite chega a melancolia
o meu caderno está cheio de folha vazia
minha garrafa d'água está meio cheia
está frio, então eu coloquei uma meia
o meu celular, faz tempo, tá bichado
as coisas são estranhas sem você do lado

tenho me acostumado a ser sozinho
hoje pela manhã fez um solzinho
fui assistir um show sem companhia
"na noite sozinha eu ria, mas crer eu não cria"
esqueci um pão em cima da geladeira
quando pequeno, adorava mamadeira
onde moro, há um gato e um cachorro
eu vivo em Curitiba e sequer tenho gorro
tenho vontade de conhecer o Rio
e gosto muito dos meus tios

Benedetti me encanta
eu nunca vi uma anta
não tenho cama, apenas um colchão no chão
sempre durmo com as cobertas sobre a mão
estou morrendo de vontade de uma caipirinha
sinto saudades de dormir de conchinha
é ruim deitar-se sozinho no inverno
anda em alta o meu instinto paterno
prefiro vinho branco
meu coração não pega mais no tranco
tenho ouvido muita música latina
sigo semanalmente uma certa rotina

às vezes tenho insônia
não sei que flor é uma begônia
meu apetite, enorme, desapareceu
o que é seu é meu, o que é meu jamais será teu
já fiz muito mal à alguém
acredito num além
completamente apaixonado por crianças
às vezes eu perco as esperanças
meu coração precisa de amor
e eu já te disse que sou professor?

28 de setembro de 2013

Divisão de bens

por mais que o tempo passe tudo fica na memória
Dan Nakagawa

será que podemos ter um pouco de disciplina?
eu fico com minha solidão, você com sua cocaína

eu mantenho os botões e as pétalas são tuas
eu tenho meus sóis e que você fique com tuas luas.

mas as memórias, as memórias, são só minhas.
só minhas.

27 de setembro de 2013

Um momento

aproveite este momento
em que não há sentimento
vamos nos livrar de todo tormento
tirar as roupas e jogá-las ao vento
rápido! pra curtir, nenhum movimento,
em hipótese alguma, deve ser lento

das roupas nós fazemos cama
na rua sem luz nós criamos chama
enquanto a lua assiste, se derrama
e nós nos envolvemos nessa nossa trama

e então...
ah meu bem, e então a gente se ama.