28 de dezembro de 2011

Clama

Ela chama:
não atendo,
mas acendo
ao sussurrar.

Ele cama:
não desisto,
mas insisto
ao desejar.

Teatro

Ator: encarno o personagem e
não consigo parar de atuar na
peça que decidimos encenar
no nosso teatro improvisado.

21 de dezembro de 2011

Ar VII

Insensata relação!
Minha cara
com tua mão!

Relacionamento
moderno!
Afinal, nada é
eterno!

Vivemos no orgasmo!
Flui natural, do gozo
ao espasmo!

Não há lástimas!
Qual a necessidade
de lágrimas?!

Acabou a
esperança!
E nem assim a
gente se cansa!

Usufruímos a vida!
Afinal, não estamos
de saída.

20 de dezembro de 2011

17 de dezembro de 2011

Lágrimas


Não choro de raiva,
nem de alegria,
nem por amor
ou por poesia.
Choro por nós
que desatamos.

16 de dezembro de 2011

Ar VI

Possuis a poesia,
invades o verso,
rimas como quer.
A estrofe é tua,
a métrica é tua,
és a sonoridade.
Decides soneto
ou verso livre,
escolhes entre
erotismo e
o lirismo.
Brincas, pensas,
rimas, cansas.

Nada te falta:
tu tens o poeta.

15 de dezembro de 2011

Insensível

Vario
entre o
lirismo
e o
cinismo:
a mão
que afaga
é a mesma
que apaga.
A sensibilidade
dos versos
em contraste com
a fúria dos meus
sentimentos.

Os olhos doces e tenros
da minha poesia, são
os olhos opacos
da vida vazia.
A boca que encanta
é a mesma que espanta.

14 de dezembro de 2011

Para, de fingir que não repara

Besteira
é ficar nessa bobeira:
não é que eu não te queira,
mas não dá pra ficar sem eira nem beira.
Tenho tua poesia na minha cabeceira,
deixei você fazer da minha vida uma feira,
e desde que te conheci tenho olheira.
E, ainda assim, deixo você tirar minha rima
de graça, sem muito esforço. Besteira.

12 de dezembro de 2011

Curitiba

Gastos extraordinários
em hotéis imaginários
na sórdida Curitiba:
as putas da 13,
os chupadores da Riachuelo.

Acontecimentos imprevistos
em  lugares esquisitos
na romântica Curitiba:
o casal namora no Caiuá,
o natal solidário na XV.

Passeios inseguros
em becos obscuros
na fodida Curitiba:
os traficantes na Tiradentes,
o assaltante da Rosário.

10 de dezembro de 2011

Experimentalismo II

Tanto tempo tentei,
esgotei essas escassas
linhas libidinosas liberais.

Pálido, procurei por
você: vaguei variado
sem sombra sua
avistar: assim adoeci.

7 de dezembro de 2011

A Queda

Cai,
vai fundo.
Bate: ecoa
em todo lugar.
Começa a chuva:
torrencial.
Treme: não sustenta.
Escurece: nada se vê.
E a folha, sensível,
não aguenta:
cai e
vai e
vai e.

5 de dezembro de 2011

Experimentalismo

Pobre puto!
Pensou, perdido,
poderia passar
pronunciando
palavras pesadas
para pessoas
puras!

Padece moribundo!
Tornou-se paciente,
padre chegou:
teu pacto selar.

3 de dezembro de 2011

Como um rio

Começou lentamente
numa nascente
e, suavemente,
foi ganhando força.

Sua correnteza é
calma, flui com
naturalidade:
há beleza em
cada movimento.

Após um tempo,
ele se expandiu,
cresceu e se tornou
algo imponente.

Cresceu tanto que
nos impressionou:
como manejar algo
deste tamanho?
Temos tal capacidade?

A determinação
mostrou que sim:
poucos não foram
os obstáculos.

Vivemos no meio
deste rio, amando
o gingado deste
nosso barco: para
lá, para cá.

Vivemos no meio
deste rio, sabendo
que não afogaremos:
temos um ao outro.

E isto basta.

1 de dezembro de 2011

Ar IV

A melodia
da tua voz
A cadência
da tua dança
O ritmo
do teu corpo
O gingado
do teu sexo

Fez música
Na minha poesia!