27 de setembro de 2012

Prazeres & descobertas

E aqueles meninos tolos, nus, com os corpos sorrindo. Livres e totalmente desempedidos, a curiosidade era quase uma entidade que rondava seus desejos, cutucando-os com sorrisos maliciosos e toques audaciosos. E os olhos perplexos com o volume que de cada um surgia, era uma apresentação a vida de descobertas.

E aquelas meninas bobas, mordendo os lábios, de cabelos molhados e camisetas coladas ao corpo, mostrando as curvas joviais para os olhos espantados uma da outra. Espantadas com o estranhamento de repararem pela primeira vez no corpo alheio, e ainda mais com a pequena chama que se instalava no seus interiores.

E com a ponta dos dedos, acarinhavam os cabelos uns dos outros, timidamente. O primeiro passo é complicado: requer um certo jogo de cintura e a inexperiência falava alto. Os rostos sutilmente avermelhados, a respiração levemente acelerada, os olhos abrilhantados pela cobiça e os pelos eriçados. A ansiedade de não saber o que acontecerá.

Então ela, vagarosamente, começou a fechar sua mão nos cabelos morenos ondulados dela. Enquanto a direita brincava com os cabelos, a esquerda deslizava pelas costelas, acompanhando a curva que aquele corpo possuía. Conforme a mão ia descendo, o corpo dela respondia ao toque: os pelos eriçados faziam um belo contraste naquele corpo branco, quase rosado, e a respiração um pouco ofegante revelava um contentamento com o carinho que recebia. A esquerda então, após decorar o desenho dela, pousou no quadril e, com uma delicada firmeza, foi trazendo o corpo dela para perto. A direita escorregou para a nuca e, impulsionada pela ansiedade, aproximou os rostos. Narizes se roçaram, olhos se encontraram, um sorriso surgiu em cada uma das bocas, enquanto elas se conheciam pela primeira vez.

Eles eram tímidos: mesmo visivelmente excitados, não sabiam como agir. E o rosto avermelhado pelo o que viam, tanto o seu quanto o do outro, confirmava a insegurança e a dúvida de como prosseguir. Ele, meio desajeitado, mas disposto a saciar a curiosidade, colocou as duas mãos nos cabelos dele e se aproximou: quando os membros se tocaram os olhos estalaram e a respiração parou por breves segundos. Então ele começou a passear com as mãos no corpo dele: ele fechou os olhos e elas, como se tivessem vida própria, se guiaram. Conheceram os ombros fortes, a pele lisa, brincaram com os mamilos eriçados (e um sorriso de canto de boca surgiu), se surpreenderam com o abdômen definido. Sorrateiramente, e agora com trocas de olhares que duravam segundos, uma das mãos continuou descendo, enquanto outra subiu até a nuca. Ao mesmo tempo que a mão embaixo alcançava algo que pulsava e que a deixou cheia, a mão que estava na nuca aproximou os rostos, e então os lábios se tocaram pela primeira vez.

8 de setembro de 2012

Roche

Roche by Sébastien Tellier on Grooveshark

Sentamos.
Em breve silêncio.
Os olhos castanhos se encaravam.
A sobrancelha direita se erguia.
Os lábios abriam-se lentamente, num sorriso provocador.
Tanto os de cima quanto os debaixo.
As pernas estavam cruzadas. 
Aquele belos e únicos exemplares devastadores de coxa a mostra.
O pé direito balançava no ar, ansioso: questionador.
Perguntava-me: não fará nada?

O silêncio se rompeu.
Rompeu-se com o som da cadeira em que sentava caindo.
Ela caia pelo pulo brusco que dei.
Rompeu-se com o som dos botões que caiam.
Que caiam da blusa que ela usava ao ser rasgada fortemente.
Rompeu-se com o som das costas batendo na parede.
Por causa das pernas que trançavam minha cintura,
das unhas que cravavam minha nuca.
Rompeu-se com a respiração acelerada.
Do fôlego que quase não aguenta,
do pulmão em busca de ar.

E os seios que pularam
do soutien que voava
tinham a textura do divino:
macios e suaves,
com a mistura perfeita de cheiro e paladar,
como a língua podia comprovar
ao dançar com passos rápidos
em torno dos mamilos
duríssimos.

E as coxas que a cintura
envolviam,
eram a prova que algo perfeito existia:
definidas e milimetricamente calculadas
para serem simplesmente belas
e irresistíveis.
Fortes e com atitudes, elas ajudavam
o movimento.

E o movimento que fazíamos
tinha um ritmo próprio,
não era guiado por nós.
O meu vai, o dela vem, sincronia perfeita.
O encaixe dos quadris,
os lábios que se beijavam,
os lábios que me beijavam, calorosos.

Entre movimentos frenéticos,
gemidos ruidosos,
e o bater de corpos apaixonados
(pelo desejo, pelo prazer),
fez-se a enchente,
e os mais longos suspiros
encheram a casa e os corpos.

Como vento

Reinvento
como vento
levo e trago,
leve estrago
passageiro.

Reivento
como vento
viajo e vejo
ajo, cortejo
breve arquejo.

Reinvento
como vento,
posso ser sutil
passo ser hostil:
arrebanho o caos.

Reinvento
como vento,
sem motivos
num vai e vem
vendado, vendaval.