- Vem, confia; eu não mordo... a não ser que você peça!,
e sorrio maliciosamente.
Ela diz, "seu bobo!", ri e me abraça apertado.
- Se eu não confiasse em você, em quem mais?!
Me diz você, mas eu não digo, apenas penso. Retribuo o
abraço: gosto do abraço dela, é um dos poucos abraços que me transmite conforto
verdadeiro, aquela sensação de segurança que a gente sai procurando sem eira
nem beira durante a vida inteira, dando de cara nos revezes com que ela, a
vida, retribue-nos carinhosamente.
- Já disse que gosto pra caralho de você?, digo isso
quando nos separamos do abraço, mas quando ainda estávamos próximos
fisicamente, sabe como? Engraçado que foi muito espontâneo, como se tivesse pulado
da minha boca.
E é verdade. Digo, eu gostar pra caralho dela. Ao
contrário de várias pessoas que conheço, e muito das quais ainda convivo, não
sei dizer que gosto de alguém se realmente não tenho um apreço por aquela
pessoa. Posso me foder, quebrar a cara legal mais pra frente (os revezes da
vida que nos deixam desiludidos com as pessoas no mundo, no geral), mas fui
sincero quando disse que gostava pra caralho dela naquele momento. Aliás,
sempre sou sincero quando digo que gosto de alguém. Dificilmente é pra caralho,
mas, independente, sou sincero.