25 de abril de 2015

Coração vagabundo

meu coração vagabundo
que tanto já doeu
ainda não aprendeu
que não pode salvar o mundo
de si próprio
feito pinóquio
ainda se engana
não percebeu que o único
enganado
é o triste coração
abandonado

[23.04/09:47/2015]

20 de abril de 2015

O oposto de dizer adeus

  eu não escrevo poesia
  eu cuspo as palavras ao fim do dia
 conforme a cicatriz
 conforme o castelo ruia
  eu penso em mudar de país
                  não lido bem com sentimentos
  por isso minha poesia sai em fragmentos
                             eu costuro pensamentos e dores
   em rápida e imprecisa sucessão
                     normalmente dosada em desamores
esses também rápidos no acontecimento
                     porém, longos na memória
                se tornam mais um na história
                se tornam mais uma cicatriz
destroem o sonho da minha alma-atriz
que quer expor a peça sobre como ama
 onde quer que seja: da cozinha a cama
          e eu não sei se sonhava um sonho
ou se o sonho que eu sonhava era você
  sei que de repente estava a sua mercê
escrevendo poesia e me perguntando
           "será que ela me lê?"
                  não lido bem com sentimentos
principalmente com perca
já perdi demais
   (dos cabelos à paz)
e me tornei consumidor voraz
                   consumo: dores e amores
                                    lágrimas e mares
                   com isso quero ver se
                        sumo, mas não acontece
e há quem me
                   consome: bate forte feito alfaia
  o desejo desde que chegou na minha praia:
                     tem tua boca
que deixa minha alma oca
                     tem teu jeitinho de falar
que incendeia minha pira
e cada vez que eu te vejo
                              eu piro
   (você não vê, mas eu te beijo)
mas ao fim de tudo
eu quero te ver feliz:
eternidade duradoura
com sossego então,
melhor que fique assim.
            mas...
              será esse o fim?

[01.04/00:01/2015]