28 de janeiro de 2017

Do outro

Ninguém escapa ileso do outro:
tenho todas as cicatrizes de todos os amores,
umas tão reais quanto uma costela quebrada,
outras tão sentimentais quanto uma melancólica música do Damien Rice.
Ninguém escapa ileso do outro:
sabia de tudo que era ruim antes dos vinte e cinco,
pois de mim ninguém escapou:
quem planta vento, colhe tempestade.
Ninguém escapa ileso do outro:
lembro de todos os nãos e de todos os sims,
cada um a sua forma moldou tudo o que sou:
concreto e pena.
Ninguém escapa ileso do outro:
cada sorriso de uma criança por mim causado
eram como gotas d'água num deserto imenso:
minha alma agradecia a fé restabelecida.
Ninguém escapa ileso do outro:
este poema só existe em função do teu
e sorte a minha eu não ter escapado de ti.
Ninguém escapa ileso do outro:
Lorenz há anos percebeu e isso muito me perturba:
quando eu bato minhas asas, de quem a vida muda?

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