24 de janeiro de 2017

Dia a dia

queria poder andar com a calma
de quem não tem pressa na alma:
observar o casal de barulhentos papagaios
que rondam as praças do Centro
ou
sentar e fechar os olhos e ouvir e sentir
cada uma das badaladas do sino da Catedral
ou
andar como os passos da menina
com tattoo no pescoço:
passos lentos de quem tem alma na calma
passos que observam, passos que não tem hora

e eu
passos rápidos de quem está atrasado
não olho, nem reparo, nem sinto ou observo
nada além do meu relógio
e da insegurança da possibilidade de perder a hora
enquanto a vida com certeza perco

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