26 de fevereiro de 2013

O despertar

Despertou com uma voz que sussurrava baixinho, com delicadeza e ternura, seu nome de forma carinhosa. Abriu os olhos vagarosamente, e observou o rosto que estava ao seu lado: um par de lindos olhos castanhos lhe sorriam, enquanto aconchegantes lábios desenhados murmuravam sons que lembravam um pequeno gato: ronronava com uma sutileza felina que lhe encantara por completo. Só lhe restou sorrir e abraçar aqueles lábios com os seus.
Na noite anterior, o Blues rasgara suas almas, e as unira sob o som de "I'm your hoochie coochie man" duma forma onírica: os cinco sentidos se aqueceram e, no mesmo instante que a guitarra chorava, lábios foram dedilhados; conforme o ritmo aumentava, a respiração acelerava. As pontas dos dedos se entrelaçavam nos cabelos e os acarinhavam com desejo e curiosidade. Fez-se a magia da reciprocidade.
Quando deitaram, o par de olhos sorridentes eram pura poesia: bichinhos dengosos que se aninharam em braços abertos, prontos para acolhe-los e protege-los das mazelas do mundo; prontos para entrete-los e distraí-los das mazelas do mundo; prontos para abraça-los e não mais soltá-los: um par de bichinhos que encantara o outro par de olhos. Se antes apagados e desacreditados, agora tinham um brilho particular: recuperara a fé.
Sentia agora, nos lábios, uma doçura que não lembrava que existia.

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