20 de junho de 2014

Sob um leve desespero

pode também que eu seja apenas vagabundo
ou um solitário que aprendeu no verso
que isso a que chamam de mundo
não é o centro das atenções do universo
Marcos Prado

A dor vai curar estas lástimas 
O soro tem gosto de lágrimas 

Quando caminho sozinho 
pelas ruas 
lembro sempre de todos 
os sonhos que tivemos 
lembro sempre  
de como eles não 
se realizaram 
foram tantos, tantos 
tantos. 

Não estarei mais vago, 
não irei mais estar vago. 
Ana, onde você está? 
Eu não vou mais te esperar, 
eu não aguento mais te esperar. 

Ana, 
você me dá pesadelos 
há semanas 
não esqueço do teu nome 
mas jamais me lembro 
do teu sobrenome. 

E ela acenava para o céu 
e rezava todas as noites 
e esperava sentada 
pelo milagre 
que nunca chegava. 

Não vou mais pensar em você 
como espinhos de rosas 
Não vou mais pensar em você 
como barril de pólvora em chamas 

Acordo todos os dias 
e escrevo num caderno 
"Você está vivo" 
apenas para me lembrar 
não quero estar aqui 
Prefiro o mar. 

Ela me dizia para não ser  
o que não podia ser 
mas aqui estou eu 
não sendo nada. 
Ana, cadê você?

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