it all went out in a blink
and when you think about it
you will perceive that there was
nothing more to the picture
than what your eyes met
e é ai que tu segue
heartless, blinded
esbarrando nos cantos
caindo aos prantos:
have
you ever
minded
asking?
sobre sentimento
não colocando cimento all over it
somos pessoas, pumpkin,
e querendo ou não,
em nossas cabeças ecoa
tudo que no presente distoa.
it is not a choice
it just happens this way
e depois disso tudo, te pergunto:
are you gonna go my way?
30 de novembro de 2014
26 de novembro de 2014
Educação pela pedra
pedra batida
pedra lascada
pedra polida
coração fosse feito pedra
duro, inexpugnável,
muro, intragável
murro fosse feito topada
sensibilidade inexistente
sentimento dormente
risca, jamais arrisca
pedra escolhida a dedo
opaca e seca sem medo
da natureza específica
nela tudo se aplica
nunca mente
nunca sente
murro fosse feito topada
topada fosse feito pedra
pedra fosse feito coração.
pedra lascada
pedra polida
coração fosse feito pedra
duro, inexpugnável,
muro, intragável
murro fosse feito topada
sensibilidade inexistente
sentimento dormente
risca, jamais arrisca
pedra escolhida a dedo
opaca e seca sem medo
da natureza específica
nela tudo se aplica
nunca mente
nunca sente
murro fosse feito topada
topada fosse feito pedra
pedra fosse feito coração.
16 de novembro de 2014
Educação do Carimbó
à Dona Onete
coração remendado
cheio de coisas do passado
saudade, beijo, abraço,
mágoa, rancor, um amasso,
formas de corpos,
formas de amor e desamor,
cheiros, olhos e olhares,
lágrimas e seus mares,
bocas e seus pares,
nudez e insensatez,
loucuras e aventuras,
tapa, afago, cuspe, língua,
marcas de amor e ódio:
o amor em primeiro lugar no pódio.
hoje aquela senhora
no auge de sua sabedoria
de 75 anos
ensinou-me que todo coração
é um brechó:
cheio de coisas usadas
indesejadas
inacabadas.
9 de novembro de 2014
Desatino
faz tempo que não lembro
das horas ou minutos
vez outra do mês
e não entendo
ou penso não entender
se já aconteceu
ou ainda está pra acontecer
você está chegando
ou você já foi?
tateio as palavras
uma a uma as organizo
molho-as na chuva que sei
que virá dos teus olhos
ou será dos meus?
não sei nomear
o que está acontecendo
nem sei apontar o rumo
dar algum prumo
ou se aceito e simplesmente
me acostumo
mas não há esta opção
irá se partir um coração
será?
o poeta diria
que nada permanece inalterado
até o fim
e se é assim,
quais escolhas devo tomar?
das horas ou minutos
vez outra do mês
e não entendo
ou penso não entender
se já aconteceu
ou ainda está pra acontecer
você está chegando
ou você já foi?
tateio as palavras
uma a uma as organizo
molho-as na chuva que sei
que virá dos teus olhos
ou será dos meus?
não sei nomear
o que está acontecendo
nem sei apontar o rumo
dar algum prumo
ou se aceito e simplesmente
me acostumo
mas não há esta opção
irá se partir um coração
será?
o poeta diria
que nada permanece inalterado
até o fim
e se é assim,
quais escolhas devo tomar?
12 de outubro de 2014
Questões
você vai me procurar
quando eu bater e queimar?
vai ser guarda
quando eu for chuva?
correnteza
quando eu estagnar?
surdez
quando eu for barulho?
guia
quando eu for cego?
poesia
quando eu for rancor?
paciência
quando eu for nós?
você vai me procurar
quando eu bater e queimar?
quando eu bater e queimar?
vai ser guarda
quando eu for chuva?
correnteza
quando eu estagnar?
surdez
quando eu for barulho?
guia
quando eu for cego?
poesia
quando eu for rancor?
paciência
quando eu for nós?
você vai me procurar
quando eu bater e queimar?
19 de setembro de 2014
Curitiba
Curitiba
você me aflige
feito fosse esfinge
vem cheia de mistérios
e enigmas que eu não decifro
e então você me devora outra vez
me enche os olhos de mudez
engole tudo o que sou
feito fosse esfinge
você me aflige
Curitiba
15 de setembro de 2014
Embalo da noite torta
teu cheiro
no meu travesseiro
já não tem mais
e eu tô no meio fio
há tempo já não sorrio
eu canto poesia morta
e só quem me ouve
é esta noite torta
(sob a janela do quarto
a cama dorme vazia...)
no meu travesseiro
já não tem mais
e eu tô no meio fio
há tempo já não sorrio
eu canto poesia morta
e só quem me ouve
é esta noite torta
(sob a janela do quarto
a cama dorme vazia...)
13 de setembro de 2014
8 de setembro de 2014
O que você vê
existo
sou de carne e osso
problemas e erros
o que você vê
é resultado
de tudo que já vi
insisto
sou nós
desatados e amarrados
sou passado e presente
e futuro incerto
o que você vê
é resultado
de tudo que já vivi
sou de carne e osso
problemas e erros
o que você vê
é resultado
de tudo que já vi
insisto
sou nós
desatados e amarrados
sou passado e presente
e futuro incerto
o que você vê
é resultado
de tudo que já vivi
3 de setembro de 2014
Ela me disse
ela pegou e me disse
tua poesia é uma chatice
você não sabe escrever
e tudo que vem de ti
me dói ler
entristeci
mas respondi
da única forma que sabia
rabisquei uma poesia
e nela eu dizia
nem vem, meu bem
o amor não lhe convém
e a poesia é para quem o tem
tua poesia é uma chatice
você não sabe escrever
e tudo que vem de ti
me dói ler
entristeci
mas respondi
da única forma que sabia
rabisquei uma poesia
e nela eu dizia
nem vem, meu bem
o amor não lhe convém
e a poesia é para quem o tem
30 de agosto de 2014
Me ouve?
te dou todas minhas razões
as quais não sei quais são
te dou todos meus motivos
os quais desconheço
e mais várias outras coisas
as quais sempre esqueço
te daria tudo o que sou
mesmo sem saber ao certo
aos teus pés de peito aberto
me jogaria descoberto
das certezas que nunca tive
só pra que me ouvisse
quem sabe visse sentido
nesse meu pedido
tão fora de moda
será que isso te incomoda?
não me importa.
já cheguei à sua casa
e bati na porta.
27 de agosto de 2014
(Trans)Vista(-se)
não quero dar na vista
visto-me de máscaras
pra me acabar na pista
sumo e não deixo rastro
rastejo pelo asfalto
na falta que você faz
persigo tuas pistas
sigo as listras que deixou
consumo-me com vinhos
enquanto ouço teus passinhos
ouso dizer próximos
um átomo de distância
por detrás dos arbustos
uma exposição de vários bustos teus
dizem-me que há amor
em todos os poemas meus
dizem-me que há amor
em todas as canções tuas
mas
nem o verso meu
nem a rima sua
nem nossos corações
batem mais na mesma batida
das alfaias do maracatu.
bom pra mim,
bom pra tu?
25 de agosto de 2014
21 de agosto de 2014
Brincadeira
lanço palavras
como criança que derruba
a caixa de brinquedos
e cria mundos
em poucos segundos
deixo até dez
aos teus pés
como criança que derruba
a caixa de brinquedos
e cria mundos
em poucos segundos
deixo até dez
aos teus pés
17 de agosto de 2014
Cotidiano
Hoje eu acordei e não levantei. Não quis levantar. Há meses não tenho vontade de levantar. Fingi que dormia para mim mesmo, uma tentativa para que a cabeça comprasse a ideia e adormecesse novamente. Não funcionou. Mas ainda assim, não levantei. Peguei o celular ao lado do travesseiro e vi as horas. Não que fizesse alguma diferença, fosse quatro da manhã ou quatro da tarde, nenhuma das duas opções seriam exatamente uma motivação. Fiz por automatismo. Vi que já passava do meio-dia. Eu sentia fome, mas não tinha muita vontade de comer. Isso envolveria se levantar da cama e isso estava completamente fora de questão. Não levantaria mais, ficaria ali deitado até que algo acontecesse.
E essa é a parte em que você se questiona "como assim até que algo acontecesse?" ou ainda "mas não vai fazer nada para mudar?".
Basicamente, se as pessoas não estão felizes com determinada situação, elas buscam mudanças, algo que melhore tal momento. Ao menos na maioria das vezes. Claro que há as que reclamam pelo prazer de reclamar, quando não possuem intenção nenhuma de mudar coisa alguma, pois o objetivo não é buscar certa mudança, mas apenas reclamar, jogar palavras fora, gastar saliva, ficar com a garganta seca.
E é esse tipo de pessoa que você pensa que este narrador é. Dos que cospem palavras. E é sempre mais fácil julgar a aparência ("soa apático, um tanto melancólico, desanimado, desmotivado, um tanto sem vontade de nada") do que se dar ao trabalho de, no mínimo, sei lá, imaginar o porquê de alguém se encontrar neste estado descrito. Pois é. É o que todos fazem e você, e me dando ao direito de generalizar, é só mais um nesse todo.
E quando alguém não consegue mudar? É. Simplesmente, não consegue. Quer, tem desejos a realizar e sonhos a alcançar. Mas não consegue. Algo alheio impede, alheio a vontade do alguém, uma vontade maior do que ele pode controlar. Uma vontade em não ter vontades ou ânimo suficiente para realizar qualquer coisa que seja. E não, não é frescura. É algo pelo qual simplesmente você não controle algum. É algo que você não tem controle.
Estranho pensar que alguém não tem controle sobre o que sente, mas, acredite, existe. Aos montes. Sim, é estranho. Mas mais estranho pra quem se sente assim e não sabe o que fazer é ainda tem que lidar com a incompreensão alheia, ouvindo coisas do tipo "você tem que se animar!", "não adianta ficar assim, tem que ser positivo!", "tem que dar a volta por cima!".
Não seja cruel. Não seja desumano. Não é uma escolha se sentir assim. Ninguém em sã consciência escolheria se sentir assim. A depressão não é uma brincadeira, não é uma frescura; é uma doença que precisa de tratamento e acompanhamento.
A depressão não é uma escolha.
E essa é a parte em que você se questiona "como assim até que algo acontecesse?" ou ainda "mas não vai fazer nada para mudar?".
Basicamente, se as pessoas não estão felizes com determinada situação, elas buscam mudanças, algo que melhore tal momento. Ao menos na maioria das vezes. Claro que há as que reclamam pelo prazer de reclamar, quando não possuem intenção nenhuma de mudar coisa alguma, pois o objetivo não é buscar certa mudança, mas apenas reclamar, jogar palavras fora, gastar saliva, ficar com a garganta seca.
E é esse tipo de pessoa que você pensa que este narrador é. Dos que cospem palavras. E é sempre mais fácil julgar a aparência ("soa apático, um tanto melancólico, desanimado, desmotivado, um tanto sem vontade de nada") do que se dar ao trabalho de, no mínimo, sei lá, imaginar o porquê de alguém se encontrar neste estado descrito. Pois é. É o que todos fazem e você, e me dando ao direito de generalizar, é só mais um nesse todo.
E quando alguém não consegue mudar? É. Simplesmente, não consegue. Quer, tem desejos a realizar e sonhos a alcançar. Mas não consegue. Algo alheio impede, alheio a vontade do alguém, uma vontade maior do que ele pode controlar. Uma vontade em não ter vontades ou ânimo suficiente para realizar qualquer coisa que seja. E não, não é frescura. É algo pelo qual simplesmente você não controle algum. É algo que você não tem controle.
Estranho pensar que alguém não tem controle sobre o que sente, mas, acredite, existe. Aos montes. Sim, é estranho. Mas mais estranho pra quem se sente assim e não sabe o que fazer é ainda tem que lidar com a incompreensão alheia, ouvindo coisas do tipo "você tem que se animar!", "não adianta ficar assim, tem que ser positivo!", "tem que dar a volta por cima!".
Não seja cruel. Não seja desumano. Não é uma escolha se sentir assim. Ninguém em sã consciência escolheria se sentir assim. A depressão não é uma brincadeira, não é uma frescura; é uma doença que precisa de tratamento e acompanhamento.
A depressão não é uma escolha.
14 de agosto de 2014
Das coisas que eu te disse
tudo que eu te disse
você dispensa
ignora, abstrai, coloca na despensa
agora vem você me e me diz que pensou
sobre tudo que eu pensei e perguntei
o que é tudo para você, baby?
tudo para mim
são as noites insones e as caminhadas sem destino
é minha cara acabada e meu coração em desatino
são os livros que não leio e os poemas que não escrevo
é tatear diariamente a alma e não sentir nenhum relevo
são as linhas finas que cruzam a palma da minha mão sem nada revelar
é te ver em cada esquina e em cada sonho e não me habituar
são as dores que eu possuo e as que eu não possuo
é minha mente feito campo de batalha e eu continuo
e você acha que pensou
em tudo que eu te disse?
o que é tudo para você, baby?
13 de agosto de 2014
Pelo avesso
e quando no fim
não tem final
e quando o fim
nada finda
como fica
o gosto amargo
como fica
a garganta seca
quando o que começou
pra alguém não terminou?
não tem final
e quando o fim
nada finda
como fica
o gosto amargo
como fica
a garganta seca
quando o que começou
pra alguém não terminou?
1 de agosto de 2014
Fio da navalha
um passeio na beira do precipício
três tiros para o alto
para assustar o vício
Deus mais uma vez
não ouviu o suplício
será que é disso que eu preciso?
dançando
um tango na beira do precipício
lançando
os pés fosse feito brincadeira
flertando
o perigo como fosse bom amigo
eu envergo, mas não caio.
31 de julho de 2014
Decifra-me
atiro palavras com quem carrega uma arma
desarmo pessoas e a mim com comentários
irônicos e sarcásticos, inteligentes e tristes
tudo para esconder, tudo para encobrir
tudo para que ninguém descubra.
posso correr de um lado ao outro da rua
em três pulos eu alcanço a lua e a dobro no bolso
cobro a aposta e me coloco disposto a repetir a façanha
tudo para que não notem minhas entranhas.
mantenho tudo no andar de cima
faço a festa e faço coquetéis
de caipirinhas à molotov
queimo a garganta e a casa
boto tudo abaixo e entre o caos e a causa
eu me encaixo muito bem
tudo para que não percebam o que esta além.
sou inalcançável, inatingível
faço de escorregador um dirigível
pulo de cabeça pra que eu me esqueça
e pra que ninguém nada me ofereça
eu viro o rosto e danço pro lado oposto
tudo para que não vejam quem eu sou.
30 de julho de 2014
Mar revolto
dos mares mais sombrios de uma alma
há dêmonios e tempestades que não pedem calma
ou compreensão.
quando vieram me buscar, eu não pude me deixar levar
estava nu, exposto para que todos vissem
minha roupa não me cobria, minha pele não me cobria,
minha carne não me cobria
e minh'alma tava ali,
para que todos a olhassem,
para que todos a julgassem,
para que todos a crucificassem
dos pecados terríveis que ela cometeu
das atrocidades imperdoáveis que perpetuou
dos crimes inomináveis que nominou.
é quando se descobre que o mundo está coberto
de divindades, de divindades
que olham
que julgam
que crucificam.
e não é preciso saber dos oceanos e mares e lagos e rios
que habitam as profundezas mais sombrias de uma alma
e oceanos e mares e lagos e rios não pedem calma.
há dêmonios e tempestades que não pedem calma
ou compreensão.
quando vieram me buscar, eu não pude me deixar levar
estava nu, exposto para que todos vissem
minha roupa não me cobria, minha pele não me cobria,
minha carne não me cobria
e minh'alma tava ali,
para que todos a olhassem,
para que todos a julgassem,
para que todos a crucificassem
dos pecados terríveis que ela cometeu
das atrocidades imperdoáveis que perpetuou
dos crimes inomináveis que nominou.
é quando se descobre que o mundo está coberto
de divindades, de divindades
que olham
que julgam
que crucificam.
e não é preciso saber dos oceanos e mares e lagos e rios
que habitam as profundezas mais sombrias de uma alma
e oceanos e mares e lagos e rios não pedem calma.
25 de julho de 2014
Cama de casal
Peço uma cama pra dois
porque hoje eu tenho companhia.
A recepcionista sorri e pergunta
por quem eu aguardo.
Eu sorrio de volta e lhe respondo que aguardo
aquela que me conhece tão bem
que há tanto tempo está comigo
que sabe dos meus gostos e desgostos
o que eu como e o que eu cuspo
que me ama incondicionalmente.
Ela se espanta e pergunta
qual o nome de tal pessoa.
Eu sorrio sem dentes
lhe dou meu olhar mais vazio
e respondo
que hoje a Solidão dorme comigo.
porque hoje eu tenho companhia.
A recepcionista sorri e pergunta
por quem eu aguardo.
Eu sorrio de volta e lhe respondo que aguardo
aquela que me conhece tão bem
que há tanto tempo está comigo
que sabe dos meus gostos e desgostos
o que eu como e o que eu cuspo
que me ama incondicionalmente.
Ela se espanta e pergunta
qual o nome de tal pessoa.
Eu sorrio sem dentes
lhe dou meu olhar mais vazio
e respondo
que hoje a Solidão dorme comigo.
18 de julho de 2014
Curitiba
Curitiba
cansei de você
das tuas ruas de petit-pavé
das tuas memórias mal quistas
das tuas cinzas vistas
Curitiba
você perdeu a mão comigo
agora te vejo apenas como abrigo
há tempos não é mais lar
a cada dia é mais difícil me enganar
Curitiba
está na hora de darmos um tempo
talvez vá embora pra Recife
passe um tempo em Florianópolis
talvez eu não volte mais
Curitiba
o problema
é que eu te gosto demais.
cansei de você
das tuas ruas de petit-pavé
das tuas memórias mal quistas
das tuas cinzas vistas
Curitiba
você perdeu a mão comigo
agora te vejo apenas como abrigo
há tempos não é mais lar
a cada dia é mais difícil me enganar
Curitiba
está na hora de darmos um tempo
talvez vá embora pra Recife
passe um tempo em Florianópolis
talvez eu não volte mais
Curitiba
o problema
é que eu te gosto demais.
3 de julho de 2014
Fragilidade
saudade saudade saudade
é uma puta maldade
não ter você por perto
um desafio constante à minha sanidade
mas quem sabe um dia
mas quem sabe um dia, um dia desses
o coração vai batendo, vai batendo
mais devagar, devagarinho
cada vez que pensa em você
e quem sabe assim eu vá
me sentindo menos só, menos sozinho
querendo cada vez menos teu carinho
me sentindo menos só, menos sozinho
ainda que seja mais pó, mais pózinho.
20 de junho de 2014
Sob um leve desespero
pode também que eu seja apenas vagabundo
ou um solitário que aprendeu no verso
que isso a que chamam de mundo
não é o centro das atenções do universo
Marcos Prado
A dor vai curar estas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
Quando caminho sozinho
pelas ruas
lembro sempre de todos
os sonhos que tivemos
lembro sempre
de como eles não
se realizaram
e
foram tantos, tantos
tantos.
Não estarei mais vago,
não irei mais estar vago.
Ana, onde você está?
Eu não vou mais te esperar,
eu não aguento mais te esperar.
Ana,
você me dá pesadelos
há semanas
não esqueço do teu nome
mas jamais me lembro
do teu sobrenome.
E ela acenava para o céu
e rezava todas as noites
e esperava sentada
pelo milagre
que nunca chegava.
Não vou mais pensar em você
como espinhos de rosas
Não vou mais pensar em você
como barril de pólvora em chamas
Acordo todos os dias
e escrevo num caderno
"Você está vivo"
apenas para me lembrar
não quero estar aqui
Prefiro o mar.
Ela me dizia para não ser
o que não podia ser
mas aqui estou eu
não sendo nada.
Ana, cadê você?
12 de junho de 2014
1º Dia de Copa
caminhava a passos lentos pelo centro da cidade.
desejava passar a tarde na Biblioteca Pública, pegar aqueles livros que há tempos já estavam anotados em um aplicativo no celular. a Biblioteca estava fechada. não levou em conta que era dia de jogo do Brasil e de abertura da Copa. azar.
então, subiu a Rua do Rosário e passou alguns bons minutos na Líder, se perdendo na imensidão dos livros.
pensou então em ir ao cinema, superar um velho bloqueio e assistir um filme sem companhia alguma. atravessou a Tiradentes, desceu a Cândido de Abreu, em direção ao Mueller. subiu pelas escadas rolantes até o andar do cinema e ficou decepcionado ao perceber que nenhuma filme estava em exibição. no lugar dos filmes, apenas a abertura da Copa. pensou "quem vem assistir a abertura da Copa no cinema?!". abstraiu o próprio pensamento e seguiu até a Saraiva. anotou várias futuras compras (bem futuras!) naquele mesmo aplicativo no celular, sorriu, sentiu e quis ir embora. antes de sair do shopping, insistiu e passou na Curitiba, e na parte de quadrinhos, reparou na biografia de uma artista e suspirou com a dupla lembrança, do dia que era e de quem adoraria ganhar aquele presente.
afastou o pensamento.
saiu do shopping.
subiu a Cândido de Abreu voltando a Tiradentes, onde pegaria o ônibus. caminhava a passos lentos pela cidade, em meio a pessoas com camisetas do Brasil, buzinas de motoristas à torcedores iranianos (que retribuíram com acenos e largos sorrisos), vuvuzelas e buzinas manuais ensurdecedoras, alguns ônibus da FIFA Fan Fest lotados, a batidas policiais com uma delicadeza incomum, lojas fechadas.
aguardou longos trinta minutos pelo ônibus, sentou, retirou a pesada mochila das costas, ouviu a reclamação do cobrador que não aceitava estar trabalhando em pleno jogo do Brasil.
colocou os fones de ouvido.
sentiu-se sozinho.
desejava passar a tarde na Biblioteca Pública, pegar aqueles livros que há tempos já estavam anotados em um aplicativo no celular. a Biblioteca estava fechada. não levou em conta que era dia de jogo do Brasil e de abertura da Copa. azar.
então, subiu a Rua do Rosário e passou alguns bons minutos na Líder, se perdendo na imensidão dos livros.
pensou então em ir ao cinema, superar um velho bloqueio e assistir um filme sem companhia alguma. atravessou a Tiradentes, desceu a Cândido de Abreu, em direção ao Mueller. subiu pelas escadas rolantes até o andar do cinema e ficou decepcionado ao perceber que nenhuma filme estava em exibição. no lugar dos filmes, apenas a abertura da Copa. pensou "quem vem assistir a abertura da Copa no cinema?!". abstraiu o próprio pensamento e seguiu até a Saraiva. anotou várias futuras compras (bem futuras!) naquele mesmo aplicativo no celular, sorriu, sentiu e quis ir embora. antes de sair do shopping, insistiu e passou na Curitiba, e na parte de quadrinhos, reparou na biografia de uma artista e suspirou com a dupla lembrança, do dia que era e de quem adoraria ganhar aquele presente.
afastou o pensamento.
saiu do shopping.
subiu a Cândido de Abreu voltando a Tiradentes, onde pegaria o ônibus. caminhava a passos lentos pela cidade, em meio a pessoas com camisetas do Brasil, buzinas de motoristas à torcedores iranianos (que retribuíram com acenos e largos sorrisos), vuvuzelas e buzinas manuais ensurdecedoras, alguns ônibus da FIFA Fan Fest lotados, a batidas policiais com uma delicadeza incomum, lojas fechadas.
aguardou longos trinta minutos pelo ônibus, sentou, retirou a pesada mochila das costas, ouviu a reclamação do cobrador que não aceitava estar trabalhando em pleno jogo do Brasil.
colocou os fones de ouvido.
sentiu-se sozinho.
Cura para a dor
hoje
mencionaram teu nome
e foi a
primeira vez
que o ouvi
fora da sala de terapia
e o impacto que apenas
teu nome
tem sobre mim
é assustador
meu peito congelou
minha mente esbranqueceu
minha garganta secou
meus olhos se perderam
não esperava
não esperava ouvir teu nome
não esperava estas sensações
não esperava
10 de junho de 2014
Pro fundo
Ninguém sabe do seu paradeiro
Ninguém sabe prá onde ele foi
prá onde ele vai
Zeca Baleiro
esse súbito não ter
esse estúpido querer
que me leva a duvidar
quando eu devia crer
Leminski
Iludido e batido e abandonado
se satisfaz com trocados
teus amigos não te reconhecem
mas eles também nunca aparecem
o tédio é teu eterno companheiro
quando não está trancado no banheiro
vai à rua de braços abertos e grita amém
mas se nem deus te ouve, então quem?
teimoso não sai daquele mesmo caminho
nas noites te resta apenas o vagabundo vinho
às quatro da manhã você ainda não dormiu
tentaram te resgatar mas você não ouviu
por onde andará stephen fry?
faz tempo perdeu teu pai
mas será que você se recorda
de quando puxou aquela corda
ou como sempre, você discorda?
sente falta do tempo em que estava por aqui
caminhando no parque, observando um bem-te-vi.
9 de junho de 2014
Tempo
Jesus said time would heal all
wounds
But we have to live right to get the
time
Please, time,
you got to be a friend of mine
Marvin Gaye
não é pra chegar ao fim
tampouco pra criar guerra
não é pra sujar a mão
nem cair tudo por terra
não é pra acabar assim
tampouco pra ficar sem ação
se soubesse disso antes
onde estariam meus olhos confiantes
agora?
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