Livro aberto, por completo exposto, e nada de você. Tua cama aconchegando, fiz dela ninho, meu corpo reagindo às cenas que visualizo em minha cabeça, o que farei com você quando chegar e me ver desse jeito na tua cama. Há uma nada sutil elevação no cobertor que vai até minha cintura e essa espera que perdura apenas descontrola o que nunca teve muito controle tratando-se de você. E meu corpo nu que arrepia com o vento delicado que atravessa as cortinas que criam uma envolvente atmosfera nesse teu quarto: esta penumbra onde as sombras do Desejo e do Sexo dançam em conjunto, tomando formas tentadoras e sedutoras. Ligeiramente descabelado, me bato e me jogo e me viro na tua nossa cama: seduzido pelo Desejo, o fôlego começa a faltar e o descontrole a reinar: esta espera está matando aos poucos: a elevação lateja, pulsa incontrolável: a alma faz malabarismo e acrobacias, enlouquecida pelo gosto suave do vinho do Desejo e meu corpo é o salão – em cada parte dele reverbera uma memória tua – em que ela pula e dança e gesticula e não cansa.
E neste embate em que o Desejo está vencendo com considerável vantagem, ouço um som mágico que vira o jogo: o estalo da fechadura e a porta rangendo ao se abrir. O sorriso mais libertino brota em meu rosto quando ouço teus passos, cada vez mais altos conforme se aproxima da porta. Lanço o olhar mais descarado que possuo, com um leve arquear da sobrancelha, e o sorriso libertino se expande ainda mais quando a porta se abre e a coberta voa para o chão e eu te digo o mais cínico “olá”.
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