a voz da poesia
não precisa ser um grito
um brado
a voz pode ser um sussurro
um tatear no escuro
a voz pode ser súbita
súbita como um murro
te tira dos pés chão abaixo
a voz pode ser lacônica
monotônica
e ainda assim
icônica
a voz pode ser breve, distante, pedra
a voz é um grito silencioso
um sussurro estrondoso
um claro enigma
uma mentira que conta a verdade
uma morte que não encerra
a voz que não se ouve mas a todos alcança
e nada
nem que a gente morra
desmente o que agora chega a minha voz
17 de novembro de 2015
7 de novembro de 2015
Amarelo e negro
há ao meu redor
dezena de pessoas boas
dezena de entes queridos
com os quais aprendo e vivo
o amor diariamente
o amor que me preenche
o amor que retribuo
ou assim tento fazer a cada olhar
sorriso
aceno
abraço
e me desculpe se por ti eu passo
e não lhe vejo
minha mente está perturbada
na ilha que eu habito
o mar que a cerca é tempestuoso
cheio de cachorros ensandecidos
rasgam o fino tecido
do meu bem-estar
ululam esganiçados
querem a minha paz e o meu chamado
latidos frequentes e insistentes
me acuam
me escondem
me confundem
procuro abrigo no peito do meu traidor
risco os quadros
buscando a matemática que tenha lógica
(minhas contas envolvem amor e amor)
esbarro em cifras infindáveis
inesgotáveis
inexauríveis:
a tudo justificam
os cachorros troceiros
cercavam-me
pulavam
rosnavam
encurralavam-me
e gargalhavam
Deus meu
como gargalhavam
Deus meu
não paravam
dezena de pessoas boas
dezena de entes queridos
com os quais aprendo e vivo
o amor diariamente
o amor que me preenche
o amor que retribuo
ou assim tento fazer a cada olhar
sorriso
aceno
abraço
e me desculpe se por ti eu passo
e não lhe vejo
minha mente está perturbada
na ilha que eu habito
o mar que a cerca é tempestuoso
cheio de cachorros ensandecidos
rasgam o fino tecido
do meu bem-estar
ululam esganiçados
querem a minha paz e o meu chamado
latidos frequentes e insistentes
me acuam
me escondem
me confundem
procuro abrigo no peito do meu traidor
risco os quadros
buscando a matemática que tenha lógica
(minhas contas envolvem amor e amor)
esbarro em cifras infindáveis
inesgotáveis
inexauríveis:
a tudo justificam
os cachorros troceiros
cercavam-me
pulavam
rosnavam
encurralavam-me
e gargalhavam
Deus meu
como gargalhavam
Deus meu
não paravam
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